quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Se é verdadeiro, permanece.




No começo eu sempre achava que ela era só mais uma garota, entende? Eu esbarrei nela sem querer no corredor da escola e nunca pensei que fosse vê-la outra vez, até que então em um dia involuntariamente ela chegou e me deu oi, eu respondi com educação, mas não gostava muito do jeito que tinha, parecia ser mimada demais e também era um pouco desagradável aos olhos, ela não se arrumava muito, suas roupas eram jogadas, até rasgadas às vezes, mas isso não parecia incomodá-la. Todos a olhavam normalmente, não havia ninguém que parasse pra falar com ela, ou algo do tipo, e ela também não parecia se importar em ter amigos ou não. Um dia fui perguntar a ela o porquê ela não se juntava a maioria das pessoas e ela me respondeu que se não faz falta à ela, é por que não é importante para ter em sua vida.  Eu olhei curioso e depois sorri me afastando, após uma semana fiquei com vontade de ir conversar com ela e por incrível que pareça, apesar de eu sempre ter julgado ela pela aparência, me chamava muito à atenção e eu queria aproximar dela, e ela me respondia tão docemente, eu não conseguia a deixar passar sem chamá-la para conversar. Então quando me bateu aquela vontade, eu fui a procurar, encontrando-a comecei a puxar conversa, busquei novos assuntos, assuntos que nem eu mesmo sabia que era tão legal conversar sobre, ela me fez rir e eu a fiz rir e isso me fez completo por um instante. Até que ela me disse “Preciso ir embora agora, meu namorado está me esperando”. Eu disse que tudo bem, e dei um abraço apertado, pois se nunca mais a visse, teria a tido perto por um momento. Ela se foi, e não há vi durante uma semana, ela não foi à escola e não a vi em lugar algum. Depois dessa semana, ela apareceu e fui ver se ela estava bem, ela foi um pouco seca e não quis comentar o que houve, mas eu insisti tanto que ela acabou cedendo, e então disse “O fato de eu ter sumido, foi que meu pai estava doente e eu estava cuidando dele, mas está tudo bem, ele está ótimo agora, e eu também...” ela esboçou um sorriso de canto e continuou a andar e me chamou para caminhar ao seu lado, saímos da escola e fomos a uma sorveteria, ali conversamos muito e ela disse que precisava se afastar, não por causa do pai dela, mas sim por minha causa, eu a olhei e perguntei o porquê, se era por causa do seu namorado que estava bravo por nós estarmos conversando tanto, e ela disse que não, que não tinha namorado, mas que era por que estava gostando de mim, e que nunca seria o suficiente para ser minha namorada, no que ela acabou de falar, ameaçou a sair dali da mesa, levantou-se e fui em seguida, a puxei pelo braço e a disse que ninguém nunca será o suficiente para ninguém e que sim cada um tem uma metade que preenche o vazio do outro, e ela me preenchia como ninguém soube, e ninguém nunca conseguiu preencher. Então eu a abracei, mas a abracei tão apertado que ela sorriu e ficou tímida, apesar de ela não ser. Nós começamos a namorar daquele dia em diante, fomos um casal perfeito, eu a amei com todas as forças, a maior vontade que eu tinha, dia após dia era ficar com ela, era abraçá-la, dizer que a amava, eu não me via um homem perfeito, mas ela dizia que eu era o perfeito para ela, então isso me fazia suficientemente completo e satisfeito. Mais anos se passaram, eu completei 60 e ela 62, ela já não aguentava mais, ela estava mal de saúde e precisou ficar internada, eu fiquei ao lado dela todos os dias, eu só sabia pensar nela e em como seria minha vida sem ela, na verdade o que seria de mim sem ela, pois sem ela não iria mais existir vida.  Era tão ruim vê-la deitada na cama e não poder fazer nada, tudo o que eu podia fazer já havia feito e tudo o que eu queria era ela em casa novamente fazendo nosso café da manhã juntos, nós reclamando de nossas dores juntos, eu até amava o jeito com qual ela me insultava, ela ficava brava e depois sorria de canto dizendo que me odiava por fazê-la me amar tanto. Eu ficava a olhando deitada e lembrando os nossos momentos, então ela me chamou com o dedo para ir bem pertinho dela ali na cama, eu me aproximei e ela pegou forte em minha mão e disse: - Por favor, se eu me for, não esqueça de que eu te amo e sempre te amei, e lembre-se de alimentar nossa cachorrinha, ela precisará de você como eu precisei todos os dias de minha vida, e desculpa por qualquer coisa, eu sempre te quis bem, se eu me for, não se esqueça de ser feliz, por favor. Por que pior do que a minha partida, será sua tristeza. E eu te amo e não quero te ver triste. Então eu sorri, olhei-a profundamente e dei um beijo em sua testa e a respondi: - Todos os dias que eu continuar vivo, o tempo que eu viver, todas as batidas do meu coração e vontade de continuar respirando será por te amar ainda, e todos os meus sentidos são voltados a te querer por perto, eu posso não aguentar, mas serei eternamente feliz só por você ter entrado em minha vida, mesmo sem ter você ao meu lado sempre te terei em meu coração. Você é minha mulher e será a única. Ela sorriu e dormiu um pouco, estava cansada. Hoje eu conto essa história com a foto dela em minhas mãos, uma foto dela sorrindo, o seu sorriso era a cura para minha alma, ela é a felicidade que eu sempre precisei. Eu sinto falta dela, sinto muita falta dela. Mas é assim, nós precisamos ter e perder, e Deus me deu o que eu precisava. E eu sou grato por isto e vou ser por toda a minha vida, e quando eu morrer, eu morrerei feliz, pois tive um pedaço do céu comigo o tempo todo.

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